Com mais de três décadas de dedicação, a Comunidade Nova Jerusalém tem sido um espaço de acolhimento, cuidado e transformação para pessoas em situação de dependência de álcool e outras drogas. Através de uma abordagem humanizada, espiritual e social, oferecemos oportunidades reais de reconstrução de vidas, sempre pautados na fé, no respeito à dignidade humana e no compromisso com a recuperação.
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A espiritualidade é um pilar essencial no processo de recuperação de adictos, pois oferece sentido, esperança e força interior diante dos desafios da reabilitação. Mais do que práticas religiosas, trata-se de reconectar-se com o sagrado, com o próprio valor e com a capacidade de recomeçar. A fé alimenta a perseverança, fortalece a autoestima e promove a cura emocional, abrindo caminhos para uma vida renovada e plena.
Os Doze Passos são um conjunto de princípios espirituais e terapêuticos que orientam o processo de recuperação de pessoas afetadas pela dependência de álcool, drogas e outros comportamentos compulsivos. Criados originalmente pelos fundadores dos Alcoólicos Anônimos (AA), esses passos foram incorporados ao trabalho de diversas casas terapêuticas e comunidades que atuam na recuperação de adictos, por sua eficácia no resgate da dignidade e da liberdade pessoal.
Mais do que um método, os Doze Passos representam um caminho de autoconhecimento, entrega, reparação e crescimento espiritual. Eles oferecem uma estrutura segura e gradual para que o dependente reconheça sua fragilidade, enfrente suas limitações, busque ajuda e reconstrua sua vida com responsabilidade, fé e honestidade.
Admitimos que éramos impotentes perante o álcool (ou outra droga) — que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.
Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos a sanidade.
Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, da forma como O concebíamos.
Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano a natureza exata de nossas falhas.
Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.
Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.
Fizemos uma lista de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.
Fizemos reparações diretas a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo implicasse prejuízo para elas ou para outrem.
Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.
Procuramos, através da oração e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, da forma como O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.
Tendo experimentado um despertar espiritual graças a esses passos, procuramos transmitir essa mensagem aos dependentes e praticar esses princípios em todas as nossas atividades.
Espiritualidade como base da transformação: Os passos convidam o dependente a desenvolver uma relação com Deus ou com um Poder Superior, reconhecendo que a recuperação não é apenas física ou psicológica, mas também espiritual.
Responsabilidade e reparação: Ao refletir sobre os próprios erros e buscar reparar danos causados, o acolhido aprende a se posicionar no mundo com maturidade e ética.
Autoconhecimento e vigilância constante: O processo de recuperação é contínuo. O inventário pessoal e a prática da humildade ajudam o indivíduo a não se acomodar e a reconhecer suas limitações diariamente.
Ajuda mútua e missão: O último passo ensina que quem alcança um estado de equilíbrio deve compartilhar o que aprendeu, ajudando outros a trilhar o mesmo caminho. Isso fortalece a rede de apoio e o sentimento de propósito.
Os Doze Passos não são um manual fechado, mas um caminho vivo, que convida à entrega, à verdade e à perseverança. São um chamado à liberdade interior, à reconstrução de vínculos e à redescoberta do valor da vida.
Uma casa de recuperação é, antes de tudo, um espaço de esperança. Mais do que um lugar físico, é um ambiente onde vidas são resgatadas, onde a dor encontra acolhimento e onde a dependência química é enfrentada com responsabilidade, disciplina e fé. Nesse contexto, a filosofia do Amor-Exigente surge como uma diretriz fundamental para orientar ações, relacionamentos e atitudes no processo de reabilitação.
O Amor-Exigente é um programa de apoio e orientação baseado em princípios éticos, morais e espirituais. Ele une o afeto ao limite, promovendo uma convivência estruturada, onde o acolhimento caminha lado a lado com a responsabilidade. Essa abordagem é amplamente utilizada em casas de recuperação por proporcionar um ambiente equilibrado e transformador.
Amor com responsabilidade: Amar não é permitir tudo. O verdadeiro amor educa, orienta e impõe limites. Na recuperação, é essencial mostrar ao acolhido que ele é amado, mas que também precisa se comprometer com sua mudança.
Disciplina e rotina: O dia a dia estruturado ajuda o dependente a reorganizar seus pensamentos e hábitos. Horários, tarefas, silêncio, momentos de oração e reflexão fazem parte do processo de cura.
Responsabilidade pessoal: Cada pessoa é protagonista da própria história. O acolhido é incentivado a reconhecer suas escolhas e assumir as consequências, resgatando o poder de decisão sobre sua vida.
Espiritualidade: Independentemente da religião, a espiritualidade é um pilar da recuperação. Ela fortalece o interior, dá sentido à jornada e aproxima o indivíduo de valores como perdão, gratidão e esperança.
Ajuda mútua: O Amor-Exigente valoriza a escuta, o grupo, o testemunho e a convivência. Um ajuda o outro a crescer. O apoio coletivo reforça o senso de pertencimento e combate a solidão, grande inimiga da recuperação.
Trabalho e serviço: O envolvimento em atividades produtivas e comunitárias é parte essencial do processo. O trabalho dignifica, estrutura o pensamento e oferece propósito.
Ação educativa com firmeza e ternura: Os monitores e profissionais atuam com coerência, dando exemplo e oferecendo orientações claras, sempre com empatia, mas sem permissividade.
Respeito à individualidade e ao tempo de cada um: A recuperação é única para cada pessoa. Respeitar o ritmo e as particularidades do acolhido é parte do cuidado integral.
Uma casa de recuperação que adota o Amor-Exigente não apenas combate a dependência química — ela promove o renascimento de pessoas, restaurando vínculos familiares, devolvendo autoestima e oferecendo uma nova perspectiva de vida.
É um caminho de mãos dadas, de escuta e de firmeza. Um caminho de amor com exigência — e de exigência com amor.
A dependência química ainda é, infelizmente, cercada de preconceitos. Muitas famílias, diante do sofrimento e dos impactos provocados pela adicção, se sentem exaustas e, por vezes, tendem a se afastar daquele que está mergulhado no uso abusivo de álcool ou outras drogas. No entanto, é fundamental compreender que o dependente não é um caso perdido — ele é uma pessoa doente que precisa de tratamento contínuo, apoio e, acima de tudo, amor.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dependência química é uma doença crônica, progressiva e recorrente, que afeta o funcionamento do cérebro, altera o comportamento e compromete a capacidade de tomar decisões. Assim como a diabetes ou a hipertensão, ela exige cuidados constantes e acompanhamento profissional — não é uma questão de “falta de força de vontade” ou de “caráter fraco”.
A família é, muitas vezes, a última âncora emocional e afetiva do dependente. Quando ela se desfaz, o risco de recaída ou de abandono total de tratamento aumenta drasticamente. Isso não significa que a família deva aceitar comportamentos abusivos ou viver refém da doença, mas sim que deve buscar ajuda para si mesma e aprender a participar do processo de recuperação de forma saudável e equilibrada.
A presença familiar pode:
Reforçar o senso de pertencimento do dependente;
Estimular a continuidade do tratamento;
Reduzir sentimentos de rejeição e abandono;
Apoiar na reconstrução de vínculos afetivos e sociais;
Incentivar o compromisso com mudanças de comportamento e estilo de vida.
Assim como em outras doenças crônicas, o tratamento da dependência química exige constância, disciplina e paciência. O dependente precisa de apoio emocional, acompanhamento terapêutico, atividades estruturadas e, frequentemente, de espiritualidade para se manter firme na jornada da recuperação.
A recaída, quando ocorre, não significa fracasso. É parte possível do processo. Por isso, a família não deve abandonar o tratamento nem culpar o dependente, mas sim reorientar, ouvir, acolher e, se necessário, buscar novamente ajuda profissional.
A melhor forma de ajudar um dependente químico é estando presente de forma firme, amorosa e consciente. Abandonar ou excluir é reforçar a dor e o isolamento que muitas vezes o conduziu ao vício. O caminho da recuperação é difícil, mas possível — e com o apoio da família, torna-se mais leve e mais eficaz.
Ninguém se recupera sozinho. A família que compreende, se informa e participa se torna uma poderosa aliada da transformação.
Se quiser, Luís Fernando, posso adaptar esse texto para:
Publicação em blog ou site institucional
Texto de vídeo com narração emocional
Folder informativo para grupos de apoio familiar
Posts sequenciais para redes sociais (carrossel)
A dependência química é uma condição complexa, que atinge o corpo, a mente, as emoções e a espiritualidade. Por isso, a recuperação plena exige uma abordagem igualmente ampla — e é nesse ponto que ciência e fé se encontram como pilares fundamentais no processo de transformação.
Longe de serem opostas, ciência e fé podem caminhar juntas, oferecendo ao dependente a estrutura necessária para reconstruir sua vida de forma equilibrada, consciente e esperançosa.
A ciência contribui com o conhecimento técnico e clínico sobre os efeitos das drogas no organismo e no comportamento humano. Através de estudos neurocientíficos, psicológicos e sociais, compreendemos que a dependência é uma doença crônica, multifatorial e tratável, que afeta os circuitos cerebrais do prazer, da motivação e do autocontrole.
A abordagem científica oferece:
Acompanhamento psicológico e psiquiátrico
Psicoterapia individual e em grupo
Terapias cognitivas e comportamentais
Protocolos médicos e farmacológicos (quando necessários)
Estruturação de rotinas, hábitos e estratégias de prevenção à recaída
Essas ferramentas ajudam o acolhido a compreender sua condição, lidar com gatilhos emocionais e desenvolver recursos internos para se manter em recuperação.
A fé, por sua vez, alcança dimensões que os instrumentos da ciência nem sempre conseguem tocar. Ela promove sentido, esperança, consolo e motivação para recomeçar, mesmo diante das quedas. A espiritualidade oferece ao dependente um lugar de reconexão consigo mesmo, com os outros e com Deus, fortalecendo sua identidade e resgatando o propósito de viver.
A fé contribui com:
Fortalecimento emocional e espiritual
Perdão a si mesmo e aos outros
Cultivo da gratidão, da humildade e da confiança
Redescoberta do valor pessoal e da dignidade humana
Suporte em comunidades religiosas e grupos de apoio espiritual
Ao sentir-se acolhido por um amor maior, o dependente ganha forças para seguir lutando, mesmo quando a lógica humana já parece não oferecer mais respostas.
Quando ciência e fé se unem, o processo de reabilitação se torna mais completo. A ciência cuida da estrutura — a fé alimenta a alma. Juntas, elas formam uma base sólida onde o indivíduo pode se reerguer, com clareza sobre sua condição e com confiança de que não está sozinho em sua jornada.
Casas de recuperação que integram essas duas dimensões proporcionam não apenas um tratamento, mas uma verdadeira experiência de transformação integral, respeitando as necessidades do corpo, da mente e do espírito.
Recuperar não é apenas deixar de usar drogas. É voltar a amar, sonhar e acreditar. É ciência com método, fé com sentido — e, acima de tudo, humanidade com compaixão.
Queridos irmãos e irmãs da Fazendinha,
Escrevo estas palavras com o coração cheio de gratidão e esperança. Há algum tempo, cheguei a este lugar carregando o peso das minhas escolhas, das minhas dores e da minha dependência. Eu estava quebrado por dentro, sem fé, sem rumo, e sem forças para continuar.
Mas, ao atravessar os portões da Fazendinha, algo começou a mudar. Fui acolhido com respeito, com firmeza e, acima de tudo, com amor. Pela primeira vez em muito tempo, alguém olhou para mim não como um problema, mas como uma vida que merecia ser restaurada. Aqui, encontrei um lar — não por paredes ou camas, mas por abraços, escuta, disciplina e verdade.
A cada dia, com o apoio dos voluntários, dos profissionais e de cada pessoa que mantém este lugar de pé, fui reaprendendo o valor da vida. A oração, o trabalho, os momentos de silêncio e reflexão, a convivência com outros irmãos em luta… tudo isso foi me moldando, me resgatando, me devolvendo a mim mesmo.
Não foi fácil. Houve dias de dor, de saudade, de vontade de desistir. Mas sempre havia alguém ao meu lado para lembrar que eu era capaz de recomeçar. E recomecei. Aos poucos, fui reconstruindo minha dignidade, minha fé e meu propósito.
Hoje, ao olhar para trás, vejo o quanto a Fazendinha foi e continua sendo um milagre na minha vida. Se hoje eu estou limpo, em paz, com novos sonhos e uma nova história, é porque vocês acreditaram em mim quando nem eu acreditava mais.
Por isso, deixo aqui meu mais profundo agradecimento a cada pessoa que ajuda a manter essa obra viva: doador anônimo, colaborador fiel, voluntário silencioso, intercessor que reza de longe, coordenadores, líderes, amigos… vocês não salvam apenas corpos, mas almas. Não oferecem apenas abrigo, mas um novo sentido para viver.
Que Deus retribua em dobro cada semente de amor plantada neste solo. A Fazendinha é terra fértil — e eu sou uma das muitas flores que brotaram aqui.
Com eterna gratidão,
Um ex-dependente, hoje em recuperação e em paz.